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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Fundamentos da Arte-Educação

O contato dos educandos com a arte permite o direcionamento de suas atenções aos seus próprios sentimentos, contribuindo para o refinamento dos mesmos, constituindo assim num meio eficaz de promover o desenvolvimento emocional, posto que o contato com as obras de arte conduz a familiaridade com os símbolos do sentimento, além de manter acesa a imaginação e a utopia - um projeto de futuro - pois o trabalho artístico é a concretização dos sentimentos em formas expressivas, se constituindo num meio de acesso a dimensões humanas não passíveis de simbolização conceitual. Ela pode agir como forma de despertar no indivíduo uma maior atenção a seu próprio processo de sentir. Porém o intelectualismo de nossa civilização torna relevante à educação apenas aquilo que é concebido racionalmente, logicamente; sendo transmitidos em sala de aula apenas conceitos já prontos, “objetivos”, ficando, nesse processo, os educandos sem oportunidades de elaborarem suas visões de mundo, com base em suas próprias percepções e sentimentos.
Isto ocorre porque a civilização industrial se funda pela primazia da razão e do trabalho e no mito da natureza infinita. A presente civilização racionalista louva a razão em detrimento das dimensões básicas da vida, os valores e as emoções, relegando ao valor lúdico e o estético a posições inferiores, sendo postos e tidos como meras atividades de lazer. E se pela arte a imaginação é convidada a agir rompendo o espaço reservado pelo cotidiano, é natural que a civilização racionalista, proíba aquilo que instigue a imaginação. A atual civilização pretendeu excluir a arte do próprio campo das ciências, por ver nela uma fonte de erros no processo de conhecimento da ‘realidade’, sustentando o discurso de que devemos nos adaptar às coisas como são, à ‘realidade’ da vida, sem perdermos o nosso tempo com sonhos e visões utópicas. Porém a utopia é uma forma de tomarmos consciência do que existe atualmente, de tomarmos consciência do atual estado do mundo humano, são as utopias que devem conduzir a uma transformação do presente, para um futuro melhor e é pela sua vertente utópica a arte se constitui, então, num elemento pedagógico fundamental ao homem.
A arte também nos permite um contato com direto com os sentimentos de nossa e de outras culturas, pois possibilita-nos o acesso a outras situações e experiências por meio do pensamento, despertando uma maior vivência dos sentimentos. Porém, hoje a escola se caracteriza pela imposição de verdades já prontas, as quais os educandos têm que se submeter - a escola ensina respostas. As reais dúvidas dos educandos não chegam sequer a ser colocadas, pois o professor já sabe o que todos devem ou não saber, antecipadamente.
Na arte-educação, o que importa não é o produto final obtido, não é a produção de boas obras de arte, a atenção deve recair sobre o processo de criação. Processo pelo qual o educando deve elaborar seus próprios sentidos em relação ao mundo a sua volta; enfim a arte-educação não significa a mera inclusão da “educação artística” nos currículos escolares. O que está em jogo é a própria estrutura escolar, pois Arte-educação tem a ver com um modelo educacional fundado na construção de um sentido pessoal para a vida, que seja próprio de cada educando.
A aprendizagem da arte na educação deve se dar por meio da valorização do processo criativo, agindo conseqüentemente como fator complementar para o crescimento humano e mantendo acesa a imaginação e a utopia. O real intuito da arte-educação é o de promover nos educandos estímulos para que eles próprios desenvolvam suas próprias visões do mundo. Para isso é necessário que se recupere na escola a expressão pessoal, tanto por parte dos educandos quanto por parte dos educadores, para que assim, haja um verdadeiro comprometimento humano e pessoal com o ensino da arte na educação, deixando a arte enfim disponível de modo igualitário e justo às diferentes classes sociais, de modo que as mesmas possam melhor se orientarem e se organizarem socialmente, por meio de uma ascensão dos valores críticos e sentimentais, valores estes que são indissociáveis ao processo de evolução da consciência humana.

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